O ÔNIBUS ESPACIAL, Parte 1.2 : decolagem

Marcos Pontes
13/03/2007

Foguete, espaçonave, avião. Um ônibus espacial é tudo isso. Hoje vamos explicar como ele executa essas funções em um vôo típico normal (sem emergências).

A maioria dos procedimentos e verificações antes do lançamento é executada remotamente pelo Controle de Lançamentos no Centro Espacial Kennedy. Contudo, a T-5 horas (tempo de lançamento menos 5 horas, ou seja, faltando cinco horas para o lançamento), uma equipe especial de técnicos e astronautas de apoio entram no veículo para verificar se todos os interruptores e controles estão na posição correta. A tripulação entra no veículo duas horas antes do lançamento. O tempo passa muito rápido, pois há muitas coisas para serem verificadas e acionadas antes do “acendimento” dos motores.

A T-6.9 segundos os computadores comandam a partida dos três motores principais do veículo. O primeiro é acionado exatamente a T-6.9 segundos. Os outros dois acionam após intervalos de 120 milisegundos. Quando acendem, os astronautas a bordo ouvem o ruído, sentem a vibração e notam que o veículo inclina cerca de um metro (na altura da cabine) em direção ao tanque externo. O coração pulsa forte. Lá fora, milhares de pessoas assistem, torcendo para que tudo dê certo. A primeira delas está no mínimo a 5 quilômetros de distância da torre de lançamento.

Os motores são acelerados a 90% até T-3 segundos, e o “timer” ajustado para 2.64 segundos é disparado automaticamente. Quando ele chega a zero, os dois Foguetes de Propelente Sólido (SRBs) são acionados. Esse intervalo de tempo de 2.64 segundos é calculado para que o acendimento dos foguetes ocorra quando o veículo está retornando (a 90 graus vertical) do balanço da partida dos motores principais. Os motores principais aceleram até 102%.

O empuxo dos SRBs cresce rápido e o veículo decola exatamente a T-0 segundos. Da Cabine de Vôo é possível ver a torre de lançamento “cair” e se afastar do veículo. Ao cruzar o topo da torre, o controle de vôo passa do Centro de Controle de Lançamentos do Centro Espacial Kennedy, em Cabo Canaveral, na Flórida, para o Centro de Controle de Vôo do Centro Espacial Johnson, em Houston, no Texas.

Sete segundos após o lançamento, os astronautas sentem e vêm nos indicadores de altitude o rolamento de 120 graus que coloca o veículo de cabeça para baixo. Isso é feito para facilitar as transmissões de telemetria e comandos de solo através da antena que fica na parte superior da cabine. A antena da parte inferior fica encoberta parcialmente pelo tanque externo.

Continua, com a subida, na próxima.

Até lá!

Abraços,
Marcos Pontes

Marcos Pontes
Colunista, professor e primeiro astronauta profissional lusófono a orbitar o planeta, de família humilde, começou como eletricista aprendiz da RFFSA aos 14 anos, em Bauru (SP), para se tornar oficial aviador da Força Aérea Brasileira (FAB), piloto de caça, instrutor, líder de esquadrilha, engenheiro aeronáutico formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), piloto de testes de aeronaves do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), mestre em Engenharia de Sistemas graduado pela Naval Postgraduate School (NPS USNAVY, Monterey - CA).

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